Planetiers

09-11-2020

Se cada um fizer a sua parte, todos juntos mudámos o mundo ... Planetiers, um evento de sustentabilidade.

Nos dias 22 e 23 de Outubro, juntaram-se em Lisboa os maiores especialistas em sustentabilidade e posso-vos dizer que foi incrivelmente inspirador ouvir tudo aquilo em que andam a trabalhar.

MAS, apesar deste tópico estar dentro do capitulo da engenharia do ambiente, sustentabilidade NÃO é só ambiente, é também pessoas e economia.

Como não é só de ambiente, vamos começar pela área social.

Um dos temas abordados foi a questão dos refugiados, será que já paramos para pensar o que será chegar à situação em que somos obrigados a sair da nossa casa, da nossa terra, do nosso país e irmos a procura de uma vida mais segura? Vida essa onde somos olhados de lado, onde somos desvalorizados e onde só queremos voltar para aquele local onde nascemos que é o nosso lar? Vejam "Príncipes do nada" uma série documental da RTP e vão perceber do que falo.

E se em vez de refugiados estivermos a falar de pessoas com deficiência física. Será que já paramos para pensar como será termos a nossa cabeça a pedir para fazer tantas coisas e o nosso corpo a não acompanhar, ou como será olharmos à volta e sentirmos que não há oportunidades para nós? Durante as minhas 3 cirurgias ao joelho, posso dizer-vos que o simples facto de ter gesso numa perna e mobilidade reduzida me fez sentir um bocadinho como o mundo muda nessas situações.

Mas, nem tudo são más noticias.

Existem projetos a funcionar para criar oportunidades em todos os sentidos e escolhi a separação de resíduos feita no concelho de Arganil para este exemplo. O município fez uma parceria com a APPACDM local e iniciaram o projeto de recolha seletiva porta-a-porta. Esta recolha é feita em veículos elétricos e conta com a APPACDM no seu desenvolvimento e divulgação. O objetivo é conseguir existir inclusão social e lutar pelo ambiente, está efetivamente muito bom, mas não vou contar tudo, visitem https://argusrecycling.pt/ para ficarem a saber mais.

Mudando de área, mas não vamos ainda para a área ambiental, vamos à área económica.

Será que tem algum impacto a questão financeira na sustentabilidade?

É que na realidade não tem nada a ver... ou terá?

Claro que tem! Afinal a área financeira tem a ver sempre com tudo pois neste momento, é o dinheiro a nossa "moeda" de troca que torna os projetos possíveis, não é o dinheiro que os faz acontecer - para isso estão cá os humanos - mas que influencia muito isso influencia.

Então vamos lá pensar num assunto em que no Planetiers fomos desafiados a pensar:

Em quê que nós investimos o nosso dinheiro? Em quê que as nossas empresas investem dinheiro? Em quê que os nossos governos investem dinheiro? Em quê que os bancos aplicam os seus financiamentos?

Quando ouvi isto, é como se se estivesse a fazer luz dentro da minha cabeça. Já há muito que eu escolho em quê que aplico o meu dinheiro, na simples compra no supermercado por exemplo, eu escolho e todos podemos escolher. Mas será que quando chega o momento de financiar com muitos milhares de euros se pensa no impacto daquele projeto? Será que é financiado de igual forma um projeto sustentável de um que seja altamente poluir?

O pior é que neste momento é assim que acontece, mas se estamos nós a lutar pela sustentabilidade não deveríamos diferenciar? Aplicar o dinheiro consoante os objetivos definidos? Lutar pelo nosso futuro sempre?

Então eu sugiro que cada um de nós faça a sua parte, faça as suas escolhas, faça acontecer no seu dia a dia, pois apesar de parecer pouco se cada um fizer no final, fazemos TODOS! Mas, não fiquemos por aqui, comecemos a levar isto para o nosso lado profissional, a influenciar as nossas empresas nas suas escolhas, a influenciar os negócios, pois se influenciamos os negócios, conseguimos influenciar o mercado, influenciando o mercado, as ações em grande escala são mais fáceis. 

Focando agora a nossa atenção no ambiente, porque será que eu o deixei para último sendo eu engenheira do ambiente, podem vocês questionar.

Deixei para ultimo porque o ambiente, ou melhor, o estado do ambiente é o acumular de todas as nossas decisões, sejam elas decisões perante a sociedade, decisões económicas que por sua vez, juntas conseguem ser decisões sobre o nosso estilo de vida.

No Planetiers ouvi falar da Amazónia e, por experiência deste tema, toda a gente é muito sensível à destruição da Amazónia, mas na realidade, é uma floresta tão longínqua de Portugal que no nosso dia a dia nos esquecemos. Se nos esquecemos implica que as nossas escolhas não tem em conta a Amazónia, se não tem em conta ela continua a ser destruída.

Confusos?

Então é assim, causas da destruição da Amazónia (2 exemplos apenas):

  • Aloé Vera
  • Óleo de Palma 

Qual o melhor creme regenerador, aquele que quando é preciso hidratar e tratar da pele toda a gente aconselha? O creme de Aloé Vera.

E quando as pessoas preferem aqueles produtos sem açúcar, com proteína, que fazem parte da gama dietética e por isso são "saudáveis" o que é que eles tem? Óleo de Palma.

Mas mesmo bom bom sabem o que é?

É que no nosso país todos os produtos são obrigados a discriminar a sua composição e no caso alimentar a sua proveniência. Então não poderemos nós escolher?

Claro que sim, sabem porquê? Porque eu não estou a dizer que devemos deixar de consumir o produto A ou o produto B, estou sim a dizer que devemos ser inteligentes nas escolhas dos produtos e ver de onde eles vem e se aquilo está de acordo com o que nós queremos para nós e para o mundo, se não estiver, ESCOLHAM, há sempre uma alternativa.

Sabem qual foi a solução das tribos que vivem na Amazónia para este problema? Parem de consumir produtos vindos do Brasil, da Amazónia, é a única hipótese.

Mudando um pouquinho de tema.

"Ah e tal aquela moda agora do bamboo não consigo perceber, deixamos de usar plástico para estarmos a deitar árvores abaixo para fazer talheres e cenas dessas..."

Não sei se já ouviram isto mas eu já ouvi, e pior eu já pensei algo deste género. No início que se começou a arranjar alternativas para o plástico o bamboo apareceu como uma alternativa e eu na minha cabeça tinha a certeza que o plástico era terrível mas não tinha a certeza que o bamboo fosse o caminho, então tive de ir investigar e aprender mais.

Sabiam que o bamboo, na fase de crescimento, pode crescer até um metro por dia?

Sabiam que o bamboo, quando cortada uma cana madura a árvore não morre, permite sim que as mais jovens cresçam e se desenvolvam?

Sabiam que, dentro de uma floresta de bamboo consegue-se cortar 20% a 25% de canas por ano sem se chegar ao fator de desflorestação?

Posso dizer-vos que aprendi imenso, tanto que vou fazer uma publicação só de bamboo está decidido.

Para terminar, não posso continuar a escrever, acho que dava um livro tudo aquilo que se viveu no Planetiers World Gathering 2020.

Mas termino a dizer-vos que vi:

  • Excrementos de elefante transformados em cadernos
  • Desperdícios transformados em rebuçados saudáveis
  • Construções com plantas de interiores que não necessitam de ar condicionado para regular a sua temperatura
  • Cogumelos transformados em tecidos

Por isso não há limites para a criatividade humana, assim como não há limites para a nossa capacidade de escolha.

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