Corte pão e água - Mértola

12-09-2020

Uma planície de perder de vista no meio do monte alentejano. Uma paz suprema!

Este ano as férias de fim de verão levaram-me de volta ao meu querido Alentejo, mas desta vez, ao interior alentejano.

Ficamos num alojamento chamado - A casa dos chocalhos - na aldeia do corte do pão e da água.

Não poderia ter sido mais surpreendida, a casa era espectacular tinha 3 quartos, 1 sala, 1 cozinha mas mais do que isso, tinha um telheiro espectacular com uma vista de cortar a respiração completamente equipado para cozinhar e ainda mais com matrecos, cama de rede e sofá, nem tenho palavras, vejam só as fotos!

Dá para imaginar um sítio destes numa aldeia de paz, completamente tranquila e com pessoas super deliciosas? 

Acolheram-nos no primeiro dia, avisavam quando chegava o pão, faziam companhia, partilharam connosco a suas preocupações, algo tão natural que falta nos meios grandes...

Sabiam que há 60 anos atrás as pessoas desta aldeia tinham de caçar para comer (super normal)? Hoje, diziam eles, já não precisam de o fazer, mas tem menos animais do que antes e porquê?

Segundo o senhor, em Setembro abre a época da caça e vão pessoas do país inteiro  e arredores para lá. Deu o exemplo que num fim de semana há grupos de  10 pessoas que conseguem caçar 1000 perdizes, dá para acreditar?

No tempo que estive lá vi perdizes, montes de coelhos fofinhos a correr e a salta, muitos gatinhos e até uma raposa à caça tive o privilégio de ver. No último dia acordei ao som dos tiros da caça...

Esta conversa foi tida com um senhor de aproximadamente 80 anos muito preocupado por já não ver javalis pelo monte, de ver caçadores a levar fêmeas, crias, tudo.. Dizia ele "Quando eu tinha de caçar nunca tirei uma mão aos seus filhos ou ao contrário, sabíamos que para termos de comer no próximo inverno eles tinham de crescer" - Que consciência, que conhecimento, que delícia este pensamento, seria difícil ouvir estas pessoas?

Mas, voltando ao telheiro, olhem só para estas fotos, não me cansei de acordar as 6h00 para ver o sol nascer e de me deitar às 22h00 para ver a lua na sua maior intensidade.

Olhando para estas imagens nem dá para acreditar que aqui passam 285 dias ao ano sem chover, é imenso. As casas tem sistemas de rega economizada e muitas chamadas de atenção para se poupar água. Efectivamente a realidade deste povo comparada connosco no Alto Minho é muito distinta o que nos leva a pensar que sortudos somos por estarmos rodeados de água e ainda por cima água potável não poluída!

Irei voltar um dia, em breve, para este local de paz que tanto nos permite elevar a nossa frequência.

Obrigada corte de pão e água por estes dias fantásticos, ficaram gravados no coração!


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