Água na Lua
Hoje perguntaram-me isto: "Mas até onde pode ir um engenheiro do ambiente? Parece que se quiserem vocês conseguem estar em todo o lado"
E eu pensei e respondi: "Na verdade, nós podemos mesmo ir a todo o lado."
Com esta pequena pergunta, formou-se uma grande ideia na minha cabeça (como habitual para quem me conhece) e, apesar de esta pandemia ter adiado alguns dos meus projetos, fiquei cheia de vontade de escrever sobre a água na lua.
Mas o que tem a ver a água na lua com a engenharia do ambiente? Vamos descobrir.
Em 2009 começaram a ser confirmados os rumores que haveria água na lua, a questão é que não era possível distinguir, pelos estudos, o que seria água do hidroxilo. Nesse sentido continuaram as pesquisas e os trabalhos para tentar perceber esse existência, que seria super improvável, uma vez que, a luz de "dia" pode chegar aos 120 ºC e de "noite" aos -130ºC. Não tendo uma atmosfera protetora, como o planeta terra, se existisse água facilmente se evaporaria e não haveria qualquer vestígio.
Em 2018, foi feito um voo num Boing 747SP equipado com um telescópio de infravermelhos pelo Observatório Estratosférico para Astronomia Infravermelha, com o objetivo de recolher dados, mas desta vez com o foco apenas em H2O, o que implicava escolher uma zona diferente do espectro eletromagnético. Após a análise destes dados foi possível concluir que sim, existe mesmo água na lua. A quantidade é muito reduzida mas existe, dá para acreditar?
Mas, ainda faltava aqui um ponto fundamental, as crateras. Quem nunca viu as crateras da lua? Todos claro!
Todos nós, a olho nú, conseguimos ver as crateras da lua, são aquelas zonas mais escuras que vemos quando olhamos o céu. Agora imaginem que se nós conseguimos ver isso da Terra o tamanho que aquilo terá, uma vez que, está a 384 400 km da Terra (distância média pois depende do ponto de órbita).
Logicamente que se tivermos uma cratera gigante, teremos um sítio gigante com sombra, sombra essa que poderá gerar gelo. Mas, existe um fenómeno ainda mais incrível na Lua, como a sua atmosfera é tão fina, ela não equilibra a temperatura por zonas, como acontece na Terra, então é possível que exista um ponto a 100ºC e uns centímetros ao lado, outro ponto que está à sombra esteja com temperaturas negativas. Já imaginaram?
Ainda há muito para descobrir sobre este ponto, talvez em 2022 o novo projeto da NASA traga mais respostas para esta aventura que poderá ser utilizar a água na lua, com responsabilidade e sustentabilidade, sempre!
Mas a questão é, o que tem isto a ver com um engenheiro do ambiente.
Tem tudo, afinal há alguém que perceba mais sobre tratamento de água para consumo humano do que nós? Até pode haver, mas nós temos todas as ferramentas, basta saber aplicar e não bloquear o nosso conhecimento ao dia a dia quotidiano que todos estão habituados. Mas mais, há alguém que esteja mais habituado a lidar com fenómenos naturais e a ser a ponte entre as diversas áreas de saber? A minha experiência diz-me que somos os verdadeiros elos de ligação que faltam em alguns projetos.
Um dia eu mostro-vos como é ver a Terra de outra perspetiva :-)
Nota: todas as imagens tem a sua respetiva referência, nenhuma é própria.